terça-feira, 9 de outubro de 2007

Canção para ninguém ouvir

Cara a cara com o diabo
Sobrevivendo numa selva de hipocrisia.
Peço misericódia em preces
Dentro de um possível inferno!

Ao redor, apenas mediocridade,
E o poder de fogo do silêncio
Capaz de calar corações;
Vidas inermes
Como vermes
Imersos em nossos infernos astrais...

E a fragrância da inexistência
Toma conta dos meus pés;
Canto minhas canções
Para ninguém ouvir.

Na minha igreja sem fiéis
Contam as antigas histórias
O esquecimento, o labor
Andam de mãos dadas
Com o sofrimento e o amor...


Hora há tesão
Hora apenas intensão;
E o que dos réquiens dizer
Que faz cantarolar meu ser em completa abstração?
Apenas a solidão
De uma calada poesia
Refletindo em eterna sofreguidão
Um poeta em agonia.

Tragam de volta
A música, a fragrância
E o saber eterno.

Pois enquanto poesia e rotina
Viverem em discórdia
As estrelas só entregarão
O abraço da angústia;

Da vida: o caminho
Ainda que bloqueados por gárgulas e espinhos.
E só o que vê o poeta
É a cor avermelhada das rosas
E atento em suas prosas
Não percebe a chegada de sua hora.

Se é que tempo ainda há
Se é que tal canção já se ouviu
Se é que já nasceu
Ou que tal poeta existiu...

20/10/2004 20:19
Pedro Alves & George Wandega

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