quinta-feira, 27 de setembro de 2007

O meu joio já está separado? A minha voz do silêncio já foi ouvida? São as minhas dúvidas contínuas de um ser individualizado. Um anti-herói que só quer viver despreocupado de uma incostância absoluta. Que me fere! Me agride! E não consegue viver comigo sem rancores.
O que é necessário para separar o meu do alheio? Como não projetar nos outros uma imagem minha?
Convivo com estas quedas, esses solavancos que me fazem voltar a um tempo e um espaço que me deixa impotente. A razão que eu tanto busco é inexistente nas minhas projeçôes que eu crio nos outros.
Rapidamente me cativo. Assim sem ritos e sem o tempo necessário para que isso ocorra. Uma ilusão outrora doce, outrora amarga.
Pessoas já não são bem vindas. As portas agora estão fechadas por causa dos assaltos e dos abusos de privacidade. É o meu território que está em jogo.
A realidade (a alheia realidade) tornou-se um logogrifo para mim. Já não entendo. Não me vejo nesse campeonato. E pela 1ª vez não consigo prever o meu futuro...
27/09/2007 18:19

domingo, 23 de setembro de 2007

Trecho do livro O Pequeno Príncipe.

"... E foi então que apareceu a rapôsa:
- Bom dia, disse a raposa.
- Bom dia, respondeu o príncipezinho, que se voltou, mas não viu nada.
- Eu estou aqui, disse a voz, debaixo da macieira. . .
- Quem és tu? perguntou o príncipezinho. Tu és bem bonita. . .
- Sou uma rapôsa, disse a rapôsa.
- Vem brincar comigo, propôs o príncipezinho. Estou tão triste. . .
- Eu não posso brincar contigo, disse a rapôsa. Não me cativaram ainda.
- Ah ! desculpa, disse o príncipezinho.
Após uma reflexão acrescentou:
- Que quer dizer "cativar" ?
- Tu não és daqui, disse a rapôsa. Que procuras ?
- Procuro os homens, disse o príncipezinho. Que quer dizer "cativar" ?
- Os homens, disse a rapôsa, têm fuzis e caçam. è bem incômodo ! Criam galinhas também . É a única coisa interessante que eles fazem . Tu procuras galinhas ?
- Não, disse o príncipezinho . Eu procuro amigos. Que quer dizer "cativar"?
- É uma coisa muito esquecida, disse a rapôsa. Significa "criar laços . . ."
- Criar laços?
- Exatamante, disse a rapôsa. Tu não és para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil de garotos. E eu não tenho necesseidade de ti. E tu não tem necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma rapôsa igual a cem mil outras rapôsas. Mas se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo. . .
- Começo a compreender, disse o príncipezinho. Existe uma flor. . . eu creio que ela me cativou...
- É possível, disse a rapôsa. Vê-se tanta coisa na Terra. . .
- Oh ! não foi na Terra, disse o príncipezinho.
A rapôsa pareceu intrigada:
- Num outro planeta ?
- Sim .
- Há caçadores nesse planêta ?
- Não.
- Que bom ! E galinhas?
- Também não.
-Nada é perfeito, suspirou a rapôsa .
Mas a rapôsa voltou à sua idéia.
- Minha vida é monótona. Eu caço as galinhas e os homens me caçam. Tôdas as galinhas se parecem e todos os homens se parecem também. E por isso eu me aborreço um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conehcerei um barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros passos me fazem entrar debaixo da terra. O teu me chamará para fora da toca, como se fosse música. E depois, olha ! Vês, lá longe, os campos de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste ! Mas tu tens cabelos côr de ouro. Então será maravilhoso quando me tiveres cativado. O trigo, que é dourado, fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo. . .
A rapôsa calou-se e considerou por muito tempo o príncipe:
-Por favor. . . cativa-me ! disse ela."




Penso muito neste diálogo entre a rapôsa e o príncipe. Visto que ela chega assim de repente, e já ciente de todas as coisas, pede com toda a veemencia para ser cativada pelo príncipe.
Nesta fase de minha vida, me sinto como uma rapôsa buscando algo que me cative !

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Texto para uma alma

Sempre quis escrever algo que tocasse uma alma. Com isso, iludia-me pensando que tinha de criar algo só meu para assim ter uma obra-prima. Agora basta que eu toque uma alma. Qualquer uma.
Sempre me considerei um público para este grande teatro que é o mindo. Parecia que eu tinha uma grande ânsia em ser ouvido. Mas eu assisto os atores da peça expressando e vivendo seus personagens, sinto-me feliz por ter o que assistir e vejo a felicidade dos atores ao sentirem esse reconhecimento!
Também gosto de subir neste palco e fazer a minha peça. O que mais gosto no "teatro" é estar em cima do palco expressando o meu próprio personagem. Isso é algo muito gratificante.
Tanto faz se a casa está cheia. Pode ter apenas um casal ou um rapaz solitário, atuo sempre com a mesma beleza e gratificação. A alma a ser tocada não precisa ser alheia.
Gosto de estar sempre ensaiando. Os ensaios são tão divertidos quanto a peça que será encenada. Ele permite ter o controle da situação na hora certa, e assim fica mais fácil representar o papel na hora da apresentção.
Tenho uma admiração peculiar por monólogos. Tanto como público, como ator. Isso me torna despreocupado de erros alheios e permite a improvisação com mais liberdade.
Essa é a sensação de tocar uma alma. Um mixto de gratificação e surpresa. Uma recompensa que chega inopinadamente e sem anúncio.
03/09/2007 8:27
pedro henrique alves