terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Bar imaginário

Queria estar num bar onde ao invés de drinques alcoólicos oferecessem drinques sentimentais. Ou melhor, a mistura destes.

Para começar uma cerveja com bastante alegria. Espantar a tristeza e levantar o astral.
Um gim com euforia é a segunda pedida. Dá um clima boêmio e a explosão da euforia é apropriada com a leveza do gim.
Um conhaque afogado em carinho para afastar a carência e evitar a queda brusca da euforia.
Whisky com plenitude dá um ar fidalgo e justifica toda a cena.
Vodka com charme. Esquenta a noite e mantém a euforia no seu devido lugar.
Vinho com satisfação. Esse trago torna-se isento de justificação e explicações.
Um licor de carisma para tornar minha companhia mais agradável.
E por último um martini com saudades para fazer válido o momento e garantir a minha volta ao bar imaginário.

escrito antes de dormir no dia 25/02/08

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Cena de cinema

Os carros passam e o seu não chega
Eu te espero sentado em uma mesa
Os minutos correm e eu não tenho uma cerveja
Acho que eu te vi saindo preocupada
Corri atrás de ti sem saber se era você
Sem entender mais nada.
21/02/08 15:31



Já me acostumei
Com o tempo dos mortais
Cheia de acontecimentos
Momentos tão normais
Já me aconstumei
Com esta vida sem adjetivo
Tão prematura, inconstante
Sem objetivo.

E os meus medos tão pequenos
Me fazem correr
Meus anseios são venenos
Me fazem morrer...
21/02/08

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Conto

A insatisfação é minha causa. Levanto a bandeira do sempre querer e da não realização. Se estivesse realizado, se ja me sentisse assim, buscaria a overdose.


Não sei por que eu desejo tanto este sentimento de plenitude. Talvez por que eu nunca senti isso. Como alguem pode contentar-se com o que tem? com o que simplesmente é? Isso me intriga. Me causa inveja. A inveja como o mais humano dos pecados. E enquanto eu não sentir a plenitude em meu coração, como uma centelha de luz azulada, eu não ficarei satisfeito.


E enquanto insatisfação andar comigo, eu estarei vivo. Pulsando. Buscando. Invejando Deus e Buda. Tenho a humildade de aceitar que com 20 anos a plenitude não escolheria meu coração. Seria injustiça para quem ja viveu e realizou tantas coisas neste planeta. Mas eu invejo todos que falam deste sentimento como se ja o sentiram.


Invejo aqueles que a guardam para saboreá-la numa taça de cristal em noites de solidão. Pronto. Esperneio. Agito os braços. Escrevo para com a plenitude pois sei que ela está me lendo, afinal sentimentos são mais abundantes que moléculas de ar, escrevo para a plenitude por que se ela não adentrar meu coração mandarei a inveja conversar com ela.

Arrumo o meu coração, faço o cardápio do jantar e escolho com cuidado o vinho. Quero que a plenitude se sinta acolhida. Quero que ao sair ela tenha desejo de voltar. Ela não arcou horário para me ver. Mas ela virá. A inveja já falou de mim para ela.

Disse que existe um garoto esperando por ela. Que ele mal consegue se concentrar nos seus afazeres enquanto pensa na convidada. A plenitude respondeu que até tem vontade de visitar o garoto, mas não consegue adentrar nos corações de quem não a pratica. Os poros podem até estar abertos, mas o sangue que corre pelas veias tem que ser compatível para chegar ao coração.


Ao dizer estas palavras a inveja se despediu e deu lugar à tristeza. É engraçado como logo depois que a tristeza vai embora entra a alegria. É raro, muito raro a tranquilidade me visitar entre as visitas destes dois sentimentos. Assim passo de um extremo a outro, a altos e baixos. Acho que expulsarei a alegria e a tristeza de mim. Ora vejam, que audácia! Chamarei a tranquilidade para não ficar sozinho. Sozinho, vírgula, pois como já disse a insatisfação está sempre aqui. É o que me mantem vivo.


Conversarei com a tranquilidade. Olho para ela e ela olha para mim. Não sei o que falar. Acho que a presença dela é o que me satisfaz. Não o que fazemos. Suspiro. Suspiro. Bocejo. Irrito-me pois não sei o que falar. Como posso ser tão criança a este ponto?


Felizmente a compreensão me lembra dos meus afazeres. Então eu os faço e esqueço de mim.

Pré-realização

Vivo um conto onde não há espaço para a moral. Não há tempo para reflexões. A pré-ocupação ocupa a maior parte do meu tempo. Estou sempre pré-ocupado em agradar, pré-ocupado em fazer, pré-ocupado em ocupar-me.

Instantes como estes se repetem em dias e dias. Pré-ocupação já faz parte da minha agenda. Tornou-se um hábito. É o que respiro, é o que exalo.

A ocupação de fato me faz incoerente em pensamentos e ações. É quase como se meu corpo não obedecesse aos meus comandos. A ocupação de fato me assusta. É o meu escuro.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Diário de uma fase de descobrimento (parte 1)

Lembro-me como se estivesse acontecendo agora. Um céu sem lua, bastante estrelado formava desenhos mil. O fogo acolhedor soltava brasas que dançavam ao vento e, o som dava um clima de proteção espiritual ao ambiente.
Tudo tinha vida.
Por um momento eu pensei que na escuridão da penumbra a árvore iria falar comigo. Isso não aconteceu. Eu pensei que aquela estrela que pairava em cima da fogueira, ainda apagada, fosse lentamente descer do céu. Isso também não aconteceu.
Eu estava na expectativa. Queria saber como eram os questionamentos. Como era o momento mágico que iria surgir. E surgiu.
Os momentos que sucedem agora são desconexos. Lembro-me do transe. Lembro-me que não sentia sentia meu corpo. Lembro-me que não lembrava de mais nada e isso era a consciência.
Mas o que não vou esquecer e eternamente vou desejar é aquele sentimento. O que pairava em meu coração era de uma pureza incalculável. Era mais extasiante que 10 orgasmos. Melhor do que qualquer haxixe ou felicidade alcóolica.
Descobri o céu na Terra.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Sou o tipo que desiste no meio do campeonato; Que desapaixona no auge do relacionamento; Que destrói o que deveria transformar; Que procura problemas onde deveria procurar soluções e que quando não está com pressa deixa de ser tudo isso.

Minha herança social me fez idealista, visionário, boêmio. Distante do revolucionário/anarquista sonho com uma causa qualquer, por um planeta que se torna universo, mas desejo um trago e um afago que me conforte no meio do caos da cidade de pedra.

Ando pelos dias desviando de pessoas como se fossem obstáculos. Tragédias e dramas me deixam indiferente, banalizado. Eventuais situações se tornam comédias para depois voltarem a indiferença e assim continuar este ciclo.

Vejo uma Terra em que deus é na verdade é um estado de consciencia e agora procuro válvulas de escape só porque a vida não é como eu quero. Jogo a toalha e desisto de lutar, mesmo que isso signifique minha derrota induzida, porque não quero mais competir e ter sempre que estar acima ou abaixo de alguém.

Sento e observo o tempo passar porque já não há lugar ou motivação alguma que me faça agir de forma diferente. Continuo seguindo para os lados porque, por enquanto, nada disso me afeta de outra forma que não a diretamente.

23/01/2008