domingo, 30 de março de 2008

Latência

As vezes chego a me surpreender. Chego a ser agressivo e incisivo com as palavras. Analiso meticulosamente onde vou jogar a pedra para saber exatamente o que quero acertar. Espero a hora certa, espero ter espaço para que ela não seja usada em vão.
Mesmo que não admitam, mesmo que finjam não ter se importado. As expressões e a falta de argumento são a prova de que elas atingiram o alvo. Chego a ser frio. Chego a ser calculista.
As palavras usadas retratam exatamente o x da questão. São objetivas na minha forma subjetiva de ver o mundo e as pessoas.
As vezes chego a temer isso.

sexta-feira, 28 de março de 2008

Maturidade

sinto muita dificuldade em tornar-me adulto. Creio que antigamente deveria ser mais fácil. As pessoas se tornavam adultas e pronto. Assim, como num passe de mágica.
Como se chama alguém em fase de transição da adolescência para a vida adulta? Serei eu um trânsito? um cásulo? um inconstante?
Que faço do meu rascunho enquanto ele não se finaliza? Devo contentar-me em ser transitivo direto e indireto? Quando é que finalmente serei intransitivo?
Cada vez mais me perco em questionamentos irrespondíveis. Mergulho em mim para me respirar. Sem querer e nem por que, é só um jeito de me achar...

18/03/2008

Calmos silêncios

Em noites dos mais calmos silêncios
A agonia tanto bate na porta
Mas só se ouve o sussurrar dos ventos
Deixando-a no lado de fora.
Fico a busca da satisfação sensorial
Saciar mau instinto mais carinhoso e acolhedor
Mantenho contato com meu lado animal
Na solidão que é meu espaço mais acolhedor
Busco sentido no limiar dos sentidos
Desejando pele na pele humana
Momento sem espaço para conflitos
Que de tão sagrado profana

Em noites que tornam os dias ocultos
A insônia faz parte da história
Trazendo beleza para o mundo
Fazendo da poesia a minha hóstia.
Desejo um novo alguém para me apaixonar
Para dar satisfação a minha vida
Alguém para por no colo e os cabelos afagar
Num gole de prazer, um cálice, uma menina.
Verbalizo meu sentimento de agora:
O que eu tenho de mais concreto
Exponho, jogo para fora
E faço do errado o certo

03/03/2008

Perplexo

O teu ser tão amavél
E o interesse notavél
Me deixou perplexo
Não se baseava só em sexo.

O meu olhar era exclusivamente teu.
Talvez vice-versa, quem vai saber?
Não sou eu.

Como pode o tempo ter que falar por nós dois?
Tempo passa, não há hora certa para nada.
Se bobearmos olhamos para trás
E percebemos que estamos a sós.

Não somos personagens de nenhum livro.
Nada sobre a gente está escrito.
Nunca o faça acontecer foi tão presente.
Claro, pode-se não querer
Mas falta de desejo
Me tornará ausente...

27/03/2008 12:43

Insônia

1 hora da manhã e o sono não chega. Por aqui está tudo tão parado. Penso que a kilometros de distância, em algum país extracontinental o dia movimentado debaixo do sol faz pulsar o nosso planeta.
Penso que fora dele a milhões de anos luz as estrelas fazem o que fazem sempre. Aqui, um pássaro com insônia canta. O silêncio da madrugada é acolhedor e gera inspiração.
Fora destas paredes algum vagabundo/boêmio deve estar curtindo a vida.
eu escrevo para poder dormir. A minha ânsia em escrever é enorme que as palavras não me deixam em paz enquanto não aparecerem no papel.
E é isto. Estar no papel por estar no papel. Mesmo que não tenha assunto algum para textualizar.

Escrito em 27/03/2008 1:15

quinta-feira, 27 de março de 2008

Copo de solidão

As vezes me vejo em um sonho do qual não consigo acordar. Isso me faz perder contato com a realidade. Quando assim me encontro, ninguém consegue compreender este estranho mundo de sentidos e emoções divididas.
A praticidade, a rotina gastam minhas energias me sugando o tempo dos Ensaios. O espetáculo foi um desaste. Mas mesmo assim, não pode parar.
Muitas vezes sonho só. Isso se dá porque esqueço que tanto eu, como as outras pessoas deste meu devaneio não passam de projeções, meros hologramas, espectros neste mundo externo.
Por que busco compreensão fora de mim? Por que meus sentimentos não me parecem humanos e sim divinos?
Por que insisto em virar os olhos para a verdade na ponta do meu nariz? Quando vou acordar?
Eu sei que a resposta está no âmago de meu Ser. Mas todos os caminhos que levam até Hades estão bloqueados agora. Nenhuma Águia de Zeus aparece para me proteger dos monstros habitantes deste reino abissal.
O espetáculo não pode, mas vai ser necessário parar. Um único copo de solidão é pouco para tanta sede.
Escrito em 11/09/2007 4:36
Pedro Alves